Falecimento da jovem de 24 anos por negligência no diagnóstico

Falecimento da jovem de 24 anos por negligência no diagnóstico

“Nós assitimos uma pessoa morrer aos poucos durante 48 horas, perdendo os sinais, até entrar em coma. Chamamos o neurologista, chamamos os médicos e eles olhavam e [ diziam]: ela tem condições de aguardar.”  Relata, indignado, um familiar da Jovem

Quem acompanha este blog, sabe o quanto eu costumo enfatizar o processo de diagnóstico e isso não é por acaso. Dores de cabeças podem ser uma doença per si ou simplesmente um sintoma de alguma outra doença. É por esse motivo que passaram a ser classificadas em primárias e secundárias pela International Headache Society – IHS (Sociedade Internacional da Cefaléia), sendo  que uma cefaléia (termo médico para dor de cabeça) só pode ser considerada primária quando já se descartou a possibilidade de haver alguma causa orgânica conhecida  como,  por exemplo,  uma patologia da ATM, uma meningite ou, até mesmo, algo mais grave com necessidade de tratamento de urgência.

Por não haver um exame específico para diagnóstico de cefaléias, a IHS preconiza uma avaliação clínica com atenção aos sinais de alerta, ou “red flags” como chamado na língua inglesa, que indicam a necessidade de aprofundar o diagnóstico com técnicas de imagem, exames laboratoriais ou provas funcionais.

Infelizmente esses sinais de alerta foram completamente ignorados pelos médicos que atenderam a estudante Carla Paim Burgos, 24 anos, que veio a falecer na tarde de quinta-feira 25 de Março  no Hospital Couto Maia, em Salvador, após ser examinada em três unidades públicas de saúde e de ficar dez dias internada, sem diagnóstico da condição de saúde.

No dia 15 do mês de março, a jovem foi para o Hospital Geral do Estado (HGE), queixando-se de dor de cabeça. Foi medicada com analgésicos, como se fosse uma “simples” cefaléia primária e teve alta pouco depois. O quadro agravou-se no mesmo dia, com vômito, confusão mental, e ela voltou ao HGE, onde novamente recebeu alta dos médicos, que chegaram a dizer que ela sofria de distúrbios mentais. A jovem foi levada para o Hospital Ernesto Simões Filho, no Pau Miúdo, onde passou mais de um dia numa maca, no corredor da unidade. Carla teve parada cardíaca, foi reanimada e entubada e, em seguida, foi transferida para o Couto Maia com suspeita de meningite  que não foi confirmada pelo  exame de sangue. Parentes de Carla registraram uma queixa na 3ª CP (delegacia do Dendezeiros), acusando médicos do Estado de negligência. A pedido da família, o corpo da estudante foi encaminhado para necropsia no Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues (IMLNR), para que médicos-legistas descubram que doença causou a morte da jovem. Fonte: Bahia notícias

Portanto, a palavra de ordem é sempre DIAGNÓSTICO, muito cuidado ao se submeter a tratamentos sem saber o que exatamente está acontecendo, afinal,  o tempo perdido em terapias inadequadas pode custar tão caro quanto à própria vida.