ATM e a Cura

Depende do que é entendido como “melhorar da DTM”. Se essa melhora é apenas com relação à diminuição da dor, então a resposta é um enfático: NÃO!

Aliás, falar em cura no campo das DTM´s é algo bastante limitado, mas não impossível.  Entretanto é preciso compreender que o que as pessoas comuns chamam de cura é completamente diferente  do que a medicina e a odontologia define como cura.

Para a maioria das pessoas, quando ela não encontra mais sinais ou sintomas do problema, logo pensam estar “curadas”. Já para a ciência, cura é (segundo o Wikcionário):

1. Restabelecer a saúde de

2. Livrar da doença

3. Sarar

Em termos prático, isso significa corrigir o problema que resultou na disfunçãoda da ATM, o que implica necessariamente no conhecimento do diagnóstico etiológico ( diagnóstico da causa)  em termos de patologia temporomandibular.

Por exemplo, um problema oriundo de uma infecção, pode, eventualmente, vir a ser curado desde que não tenha provocado sequelas irreversíveis. Por outro lado, uma disfunção oriunda de uma alteração reumática/autoimune poderá apenas ser controlada, mas não curada, uma vez que a medicina atual ainda não oferece cura para esse tipo de doença. Logo, fica fácil entender que se não for possível efetuar um diagnóstico etiológico, dificilmente se poderá falar em cura do problema, por mais que a dor e demais sintomas regridam e “melhorem”.

Assim, existem três principais níveis de melhora do problema quando o assunto é disfunção da ATM:

> Uma pessoa pode ter a dor diminuída apenas por medidas paliativas como o uso de analgésicos, como o dorflex; antidepressivos como a amitiptilina; por infiltração de substâncias nos músculos, etc., mas que não significa que a patologia por trás da disfunção tenha sido controlada! Exemplo: um processo degenerativo pode passar por um período “silencioso” e depois voltar com força total;

> Uma pessoa pode melhorar porque a doença que provocou o problema foi identificada e, sendo algo curável, o tratamento obteve êxito em restabelecer a saúde e o paciente livrou-se da doença e sarou;

> uma pessoa pode melhorar porque o problema foi identificado e, sendo algo que não tem cura (no estado atual da ciência, como, por exemplo, as doenças reumáticas), o tratamento  restabeleceu a saúde funcional, mas no entanto, o paciente não tem como se livrar da doença, permanecendo com ela sob controle e tendo uma qualidade de vida aceitável.

Em particular, eu trabalho na maior parte das  vezes em cima desses dois últimos níveis, pois acredito que os cuidados paliativos no sentido de apenas controlar a dor só devem ser aplicados quando se atinge o limite do conhecimento atual de diagnóstico e tratamento  do problema, ou seja, nas situações em que não  há como instituir uma correção biomecânica e funcional da patologia que causou a disfunção da ATM. Cuidados paliativos, nunca podem ser a primeira linha de ataque.

Fique esperto!