Em postagem anterior comentei sobre o “sim” das respostas de  número  um e dois, para a pergunta abaixo:

>> É possível fechar o diagnóstico SEM os chamados “exames complementares”?

1.      Sim, porque na anamnese e exame clínico as coisas podem estar claras e fechar o diagnóstico com base nos sinais e sintomas;

2.      Sim, pois assim como na medicina, há doenças que o diagnóstico é eminentemente clínico como, por exemplo, a fibromialgia.
3.      Sim, depende da experiência do profissional;

4.      Sim, pois nem todo paciente pode pagar por uma ressonância magnética ou uma tomografia e aí se pode diagnosticar e tratar com base no diagnóstico clínico.

Nesta postagem, abordarei a resposta nº3.

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O mito do médico deus

O mito do médico deus

O “sim” numero três é o típico caso de síndrome da onipresença, onipotência e onisciência do profissional de saúde… Se uma pessoa acha que pode dar uma de Deus ou de bruxo, adivinhando o que o paciente tem, justificando apenas que “têm experiência” para isso, este profissional estará a meio passo de cometer um erro por negligência (de uma investigação mais aprofundada) ou imprudência (por excesso de confiança)!!!

Então quer dizer que a experiência do profissional não serve de nada?

DE JEITO NENHUM!!! Não é isso! Claro que a EXPERIÊNCIA é EXTREMAMENTE IMPORTANTE!!!!  Ela é fundamental para um profissional amadurecer na sua área de atuação, aprimorar-se, acumular conhecimentos e compartilhá-los em algum momento. Entretanto a “experiência” é algo que não se aprende apenas por cursos e livros, não é uma ciência em si mesma, nem pode ser transferida facilmente de uma pessoa a outra como se fosse conectada por USB!

Experiência é importante, mas não pode ser o único critério de confiança para se obter um diagnóstico, aliás, como se retrata atualmente na pirâmide da ciência baseada em evidência, a experiência profissional (através da sua opinião) está na base da mesma, estando acima dela os relatos de casos, as séries de casos, os estudos controlados, ensaios clínicos randomizados, as revisões sistemáticas de literatura, etc., pois estas somam as experiências de diversas pessoas em diversos lugares do mundo de forma mais imparcial e menos subjetiva a respeito de um mesmo tema.

Dito de outra forma, quem defende a ciência baseada em evidência, não pode pregar um diagnostico de patologias da ATM apenas com base na experiência de uma pessoa, mesmo que essa pessoa seja ela mesma!

Desafio a qualquer profissional a dizer apenas com sua experiência e exame clínico ( e SEM ressonância, obviamente) quais pacientes em um grupo de 100, tem necrose medular no côndilo ou ruptura parcial de um ligamento colateral da ATM, por exemplo.

Experiência, sim! Negligência e imprudência, NÃO!!!

Fique esperto!