imagesMuita coisa pode impedir ou atrapalhar um tratamento de DTM e da artropatia temporomandibular, entre eles estão os quadros psicossomáticos e os sistêmicos. Estes últimos tem sido foco de minha atenção nos últimos anos e recentemente tenho postado aqui mais sobre a síndrome inflamatória, condição em que mediadores infamatórios (leia aqui sobre as citocinas ) em circulação na corrente sanguínea geram um quadro de inflamação sistêmica, que por sua vez faz com que muitos sintomas álgicos (dolorosos) apareçam, tais como dor muscular inespecífica, cansaço, fadiga, etc. Não raramente, essa situação está relacionada a alterações do funcionamento da tireoide, bem como dislipidemia , infeções,  alergias, fibromialgia, dentre outras .

Infelizmente, evidências científicas (como esta aqui) mostram que uma parte do problema está diretamente relacionado à predisposição genética, que é algo que não podemos modificar diretamente. Entretanto, a expressão dos genes está diretamente ligado a fatores ambientais e, estes sim, PODEMOS modificar em grande parte. Um deles, que inclusive é um dos  mais importantes, é justamente a alimentação! É por isso que recentemente tenho dado tanto atenção a este item e criei um site especificamente para isso o www.sindromeinflamatoria.com.br  ( se você não entrou, entre e acesse os vídeos, são gratuitos!).

Alguns pacientes que me procuram estão com o organismo com tantas alterações sistêmicas que simplesmente tentar tratar a DTM isoladamente é infrutífero, pois não será possível obter uma resposta neurofisiológica de recuperação das funções relacionadas à ATM, sendo necessário primeiro uma abordagem que recupere o funcionamento geral do organismo para que os procedimentos de tratamento da DTM e da artropatia temporomandibular possam ter o efeito desejado.

Recentemente publiquei um caso clínico, o da Amanda (que pode ser visto aqui), que exemplifica bem essa situação (e toda a dificuldade que as questões sistêmicas representam).

O detalhe é que depois de muito investigar, eu percebi que mesmo com toda a dificuldade, ainda era possível iniciar o tratamento da Amanda, entretanto há outros casos que isso é ainda mais complicado. Um exemplo é o caso da Andréia, que saiu de Porto Velho em Rondônia, para vir à Salvador se tratar comigo. Entretanto, eu não pude iniciar o tratamento devido ao grau de inflamação sistêmica presente. Isso a frustrou um pouco, mas com a devida explicação sobre o tema, ela entendeu. Conheça um pouco do caso:.

A Andréia chegou com um quadro de dor acentuado, com muita dor na face e  também com alguns sintomas visuais que não são típicos de DTM. Apresentava também acentuada dor de cabeça, tendo diagnóstico prévio de enxaqueca, tontura e dor nos olhos.  Ela já havia inclusive passado por uma cirurgia de ATM (uma discopexia, que é um tipo de cirurgia de reposição dos discos articulares). Assim, após cuidadosa avaliação, detectei uma série de sinais de problemas inflamatórios sistêmicos, como retenção hídrica, alterações glicêmicas, fadiga, etc. e encaminhei para avaliação com um médico parceiro, o Dr. Gustavo Santos, que posteriormente confirmou minhas suspeitas.

Por mais que eu quisesse iniciar o tratamento da ATM, eu sabia que a condição sistêmica iria me complicar e prejudicar os resultados, afinal já tive essa experiência com outros pacientes.

Portanto, antes de iniciar o tratamento da ATM, decidimos iniciar pelo controle alimentar somado a algumas outras medidas de ordem médica e o resultado foi bastante significativo.  No final do ano passado (2015), escrevi para ela pelo Facebook e pedi que me relatasse o que melhorou com tais medidas. Acompanhe a seguir a conversa:

 

Andréia 1

Andréia 2

Andréia 3

Andréia 4

Portanto, não se trata apenas de desprogramar a musculatura, colocar uma placa e pronto…  Casos como esse, fazem com que o organismo não responda conforme queremos e não se obtém uma resposta neurofisiológica da ATM sem tratar a condição de base.

O desafio é que muitos desses pacientes apresentam exames ditos “normais”, mas que no entanto não são necessariamente sadios (esse tema já foi abordado aqui: Normal vs sadio), ao passo que a literatura científica tampouco oferece uma resposta definitiva a respeito de como lidar com casos assim, ficando a cargo de nós profissionais clínicos ponderar as melhores decisões possíveis CASO-A-CASO!

Meu agradecimento especial à Andréia Costa, por permitir compartilhar aqui sua história de vida!