Remédio contra a dor altera nossa personalidade pela empatia

Não são poucos os artigos escritos neste portal que falam contra o uso de medicamentos para combater a dor. Por exemplo, no texto “Disfunção da ATM e Remédios – Quais usar?“, o Dr. Marcelo explica porque nós, da neurofisiológica, evitamos recomendar remédios para dor e preferimos um tratamento que ataque a causa do problema. E também no texto “Remédios para combater a dor causam problemas sérios de saúde“, explicamos como o uso de remédios para aliviar a dor pode trazer problemas físicos e sérios para a sua saúde.

Neste texto quero alertar para outra consequência grave do uso excessivo de medicamentos para combater a dor, como Tylenol. Essa consequência é que ao que tudo indica, o uso de paracetamol pode não só intoxicar o nosso organismo, como também alterar o nosso comportamento, a nossa personalidade! Esse resultado foi observado em uma pesquisa da Universidade de Ohio nos Estados Unidos, que estudou a empatia de participantes depois de tomarem Tylenol.

O que é Empatia?

Empatia é (1) a faculdade de compreender emocionalmente um objeto, ou (2) a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa, para se colocar no lugar da outra pessoa. A empatia envolve três componentes: afetivo, cognitivo e reguladores de emoções. O afetivo baseia na compreensão das emoções dos outros. O cognitivo é a capacidade de deliberar sobre os estados mentais de outras pessoas. E a regulação lida com o grau das respostas empáticas.

Nessa pesquisa foi possível verificar que o Tylenol acaba com a dor de cabeça, mas o componente dele, o Acetaminofeno, diminui também a empatia das pessoas. No estudo, as pessoas que tomaram Tylenol foram compactadas com quadros de pessoas em algumas situações nas quais não se comoveram devido ao medicamento. Enquanto o outro grupo que fez uso de placebo foi submetido ao mesmo teste e foi capaz de sentir empatia pelas pessoas.

O Acetaminofeno, ingrediente utilizado em mais de 600 medicamentos incluindo Paracetamol, Sonridor, Vick e Tylenol, diminuiu a empatia nos  usuários. Segundo um dos autores do estudo publicado no Social Cognitive and Affective Neuroscience, do Oxford Journal, Baldin Way, não se sabe porque esta substância tem estes efeitos. Há uma hipótese de que ela afete a região do cérebro chamada ínsula anterior, fundamental para a resposta empática.

É preocupante, já que a empatia é extremamente importante (por exemplo, uma pessoa com baixíssimo grau de empatia ou mesmo sem empatia é considerada sociopata, de acordo com a psicologia). Esta pesquisa sugere que, por exemplo, se a pessoa toma o medicamento (Tylenol) e após isso vai discutir com esposo ou esposa, a pessoa se torna menos compreensiva aos sentimentos e argumentos do outro do que normalmente seria. Menos capaz de se relacionar emocionalmente com o outro, tornando-se uma pessoa mais fria e insensível. Lugares onde as pessoas fazem uso constante do analgésico, com certeza são lugares com pessoas menos empáticas. Como nos Estados Unidos, que 23% da população toma Paracetamol, a cada semana.

Portanto, além dos efeitos colaterais conhecidos, para quem toma analgésico contendo Acetaminofeno, como dores estomacais, náuseas, entre outros, pode-se acrescentar a falta de empatia por outras pessoas. Concluindo, a droga adormece a dor, porém diminui também seu prazer e sua compaixão e é capaz de alterar a sua própria personalidade, ou seja, quem você é e como você sente e se relaciona com os outros a sua volta.

Portanto,é importante ficar atento ao alarme do corpo, a dor. Mas apesar de o analgésico melhorar os sintomas e apagar o alarme, não corrige a causa do problema. Seria algo como alguém escutar o alarme da própria casa tocar e, ao invés de verificar se houve invasão por algum intruso, simplesmente desliga o alarme. O ideal é tratar a causa do problema, a doença articular que afeta a ATM e mudar hábitos alimentares para combater a dor.