Localização da ATM

Localização da ATM

Sempre escrevo muito sobre a Articulação Temporomandibular (ATM), mas pouco expliquei à respeito das estruturas que a compõe, então resolvi postar um pouco sobre esse tema.

Além disso, com frequência, uso a expressão “danos estruturais” da ATM e, obviamente, para entender o que são esses danos, é preciso conhecer um pouquinho da estrutura anatômica em si.

Veja a imagem a seguir:

Componentes da ATM

Componentes da ATM

O côndilo (número 1 na legenda da figura), que com a nova nomenclatura anatômica passou a ser chamado de cabeça da mandíbula, é a parte da mandíbula que forma a ATM e se acomoda num acetábulo do crânio chamado de fossa mandibular, que é uma parte do osso temporal e é daí que vem o nome da estrutura.

Em articulações que suportam grandes cargas como também é o caso do joelho e da coluna, a natureza teve que desenvolver um sistema de absorção da pressão que ocorre dentro da articulação durante os movimentos, sendo o disco articular (número 2) um dos principais componentes desse sistema. No joelho existe o menisco e na coluna os discos intervertebrais, que possuem papéis parecidos.

Ao movimentar a boca, é esse disco articular que impede o contato direto de osso contra osso que ocorreria entre o côndilo e a fossa mandibular ou a eminência (estrutura 5). Além disso, o movimento do disco distribui o liquido sinovial que é o responsável por lubrificar a articulação e nutrir as células da superfície das cartilagens do côndilo e fossa mandibular.

Sendo uma estrutura muito lisa e móvel, foi preciso a natureza providenciar ligamentos que mantivessem o disco em seu devido lugar. Dois destes ligamentos estão representados pelos números 4 e 6 na figura acima, que na verdade são dois feixes distintos do ligamento posterior, que inclusive é uma das zonas mais sensíveis da ATM. Existem ainda vários outros ligamentos, como os colaterais, que sustentam o disco centralizado no côndilo evitando que ele se desloque para dentro ou para lateral da articulação.

Estes ligamentos citados, se fundem e se continuam com um tecido ao redor da articulação chamado de cápsula articular, que também é extremamente sensível a qualquer tipo de dano. Além destes, há ainda ligamentos por fora da cápsula, que ajudam a estabilizar a mandíbula e ditam os limites dos movimentos.

Quando alguém lê em um laudo de ressonância magnética que o disco está deslocado, significa que um desses ligamentos (ou vários deles) falharam em manter a posição do disco, podendo estar rompido, distendido ou “esgarçado” (que é quando estica demais e começa a romper algumas fibras, mas não todo, de maneira muito similar a quando tencionamos exageradamente uma malha ressecada de roupa) dependendo do que causou e do grau de estiramento.

Aqui no blog, sempre repito que a ressonância magnética é extremamente importante para o diagnóstico, embora necessite ser correlacionada com vários outros fatores e testes clínicos e, o motivo disso, é que o diagnóstico clínico-físico apenas indica se está ou não deslocado, mas não permite definir para que lado se deslocou, nem o quanto deslocou e muito menos quais os ligamentos lesionados e o quanto estão danificados. Essa diferenciação é extremamente importante para o tratamento e para o prognóstico, pois o mau funcionamento do disco irá comprometer a saúde da cartilagem articular, bem como a absorção de cargas mastigatórias e predispor o paciente a desenvolver processos degenerativos como a osteoartrite e osteoartrose da ATM.

Assim, quando menciono a expressão “danos articulares” me refiro a qualquer dano que quebre o equilíbrio funcional da ATM, tal qual no exemplo do disco citado acima e que precisa ser investigado, quantificado, mensurado em termos de impacto funcional e identificado a causa, para então permitir um tratamento que possa corrigir o problema e não apenas aliviar a dor, embora isso também seja importante.

Fique esperto!